terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sidarta

Inspirado no livro Sidarta de Hermann Hesse.

Enfim, deparava-se com a imensidão luminosa do caminho. Seu peito já não tinha mais mágoas, nem rancores, nem tristezas. Seu olhar contemplava a infinitude do céu que se abria no horizonte e a pequenez delicada das flores coloridas que o cercavam. Seu olhar era terno, quieto, lúcido. Via cada passo, cada pegada, cada marca que deixara não só pelas estradas por que trilhara, mas em cada pessoa, qualquer outro transeunte que um dia cruzara-lhe a jornada.
Já não mais havia mentira, nem ilusão, nem fantasia. A realidade também lhe fugia e se mesclava silenciosamente com os seus mais profundos e secretos sonhos, criando uma miríade de sensações e experiências. Já não mais se perdia em respostas desesperadas a perguntas não menos enganosas pela maneira como eram formuladas. Já não mais formulava perguntas, pois desistira de todas as respostas. Em cada afirmação reside um fracasso; pois nela falta a completude do todo, a complexidade das duas partes. Já não era santo, nem pecador, nem estava certo ou errado, nem era iluminado ou confuso. Transcendera as limitações equívocas do conceito.
O caminho que se lhe abria, conduzia aonde ele? Não, ele não conduzia a lugar nenhum. A magia do caminho não era aonde levava, mas simplesmente estar no caminho, trilhá-lo. E esse caminho se confundia com tantos outros, não era um caminho único, se quer era um caminho. Mostrava-se mais como uma imensa e fabulosa rede de interdependência e cooperação.
No fim, não havia caminho. Não havia verdade. Nem uma busca havia mais. Morte e vida, bem e mal, tudo era transcendido pela beleza do silêncio cálido e tranquilo de seu olhar.

5 comentários:

Louise disse...

Nathan!
Adorei o texto! O fluir da tua escrita está ótimo e escolher um texto de apoio de um autor tão fascinante foi de muito bom gosto. :)

Lápis Sara disse...

Tem razão, Sidarta é um livro lindo, maravilhoso.
Teu texto está ótimo.
Gostei, principalmente, da poesia que há nele.

Victória disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victória disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victória disse...

Nathan, o texto tá muito bom :)eu acho só que valorizaria se tu mudasse "a magia do caminho..." A escrita em si e o jeito que apresentou o conteúdo são bem legais!